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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Jornalismo Sensacionalista: tendência a divulgar notícias exageradas ou que causem sensação.

Tenho que deixar registrado o meu ponto de vista sobre uma mesa redonda que aconteceu ontem na UFPB com os principais jornalistas e apresentadores de programas jornalísticos/policiais/sensacionalistas/o que  você preferir, aqui do Estado. O tema foi Jornalismo Sensacionalista.



pic.twitter.com/KDaWeBL1

Foto: Jean Carlos (@jeancarlos_pb)

Fiquei absolutamente decepcionada com a postura dos alunos que assistiram a mesa redonda. Para início de conversa, independentemente de gosto, deve-se respeitar. Os alunos não respeitaram. Protestaram e ninguém lhes tirou esse direito, foram ouvidos, receberam atenção mas não respeitaram a vez do outro. Como foi dito lá: "Protesto e esculhambação são coisas diferentes."

Alguns foram tomados por uma ira, uma afobação que não era normal. Foram ridículos e eu me senti envergonhada por estar no grupo dos "alunos". Beleza, você é universitário, subentende-se que você tenha um nível maior de conhecimento e informação, mas o desrespeito que aconteceu hoje, com relação a um apresentador exclusivo, fez com que tudo o que se espera de um "universitário" fosse anulado ali. Na minha opinião, baixou ainda mais o nível e sujou o curso de jornalismo pela postura que alguns dos futuros profissionais da área tomaram com relação ao fato.

Quero deixar bem claro que eu não estou aqui para defender nenhum apresentador ou jornalista e que eu não gosto e nem assisto o tão falado programa "sensacionalista" do Samuka. Mas não é por que eu não gosto, que eu vou fazer um protesto e falar: "Samuka, maconheiro arruma outro emprego!" Puts, foi altamente revoltante para mim. Ainda mais, por já ter visto no meio do grupo que protestou usando essas palavras, pessoas que eu sei que são usuárias de maconha. Quer dizer, olhar pra si que é bom, né?!

Acho que pensam: "eu vou é fazer protesto, ser revolucionário, não assistir aula, pintar a minha cara e aparecer...". Protestem caramba! Continuem nessa jornada, na maioria das vezes inútil, mas respeitem, vocês fazem parte da academia e por esse motivo devem protestar como acadêmicos e pessoas civilizadas, o que eu vi ontem foi digno regresso ao ensino fundamental, tão longe de ser do nível "superior", essa é a verdade.

Também não quero ser a dona da razão, como muitos ontem pareceram o tempo todo (querer) ser, esse blog aqui é meu e eu falo o que eu quiser, quem não quer ler: fecha a página. Assim como quem não quer assistir um determinado programa porque te "desrespeita". É só mudar o canal... Você tem LIVRE ARBÍTRIO. A não ser que você queira ser "desrespeitado", aí já é um problema seu e não de quem apresenta o programa.

Se vocês raciocinarem junto comigo, não precisa nem ser acadêmico, para entender...#ironia. Se nós, juntos não assistirmos mais determinado programa, o que irá acontecer? Não haverá mais investimento publicitário no horário do programa, certo? Não havendo mais publicidade, o que acontece? Ele acaba. 

Nossa, que fácil não?

Mas, enquanto houver pessoas que assistam e financiem esse ciclo vicioso o programa vai continuar do jeito que está e quiçá, até pior e com ainda mais audiência.

Não serão mesas redondas com jornalistas descontentes e estudantes altamente descontrolados metendo o pau no trabalho de um apresentador apenas, dentre tantos outros jornalistas hipócritas que praticam do mesmo trabalho do apresentador em questão e ainda falam dele, que vai pressioná-lo e fazê-lo desistir do seu trabalho.

Definitivamente, que papelão hoje, hein?!

Devo admitir que o que o próprio Samuka, sem diploma de jornalista, disse, foi a parte mais sensata de toda a discussão em torno do jornalismo sensacionalista: 

"Eu nunca disse que sou jornalista. Eu sou um apresentador."
"Porquê vocês só falam de mim? Só eu sou o sensacionalista?" Essa eu respondo: Não, Samuka. É que os outros que também são, são hipócritas, além de a culpa toda ser do seu atual lugar na audiência (falo em audiência pois essa briga só acontece única e exclusivamente por ela, porquê se os programas ditos não-sensacionalistas fossem os primeiros lugares, eles nem se preocupariam com os pobres sensacionalistas que estariam atrás deles).
"Eu aqui, me vi como um saco de pancada." E como foi, meu querido. Fiquei do seu lado, depois que vi como você foi tratado. Não trataram do assunto, trataram da pessoa. Não foi o tema do jornalismo sensacionalista que ficou em evidência, mas sim Samuka que é o "sensacionalista" de maior audiência.

E nesse trecho, Samuka falou o que na minha opinião acadêmica, se é que isso tem algum valor depois do exemplo acadêmico dado hoje, teve mais valia durante todo o decorrer dos discursos: "O problema não está em mim. A violência só acontece porquê os "maletas" (marginais) não tiveram uma boa educação. O problema é político, como a falta de emprego, educação e assistência que o povo precisa."

Isso, resume toda filosofia que toda essa baboseira deveria ter desde o princípio. Discute-se aqui, um costume antigo. As pessoas gostam, se atraem e assistem tragédias. Se em pleno século XXI ainda temos o mesmo comportamento que era tido na Roma Antiga? Pode não ser geral essa preferência, mas que é real... Ah, isso com certeza é, prova disso são os jornais locais da Globo de todo o País apanhando na audiência por conta dos programas polêmicos. 

É normal.

Uma vez eu estava em um ônibus e houve um acidente envolvendo um veículo e uma moto em frente ao ônibus. Só foi preciso um cidadão falar:

-"É sangue."

Que todos os passageiros do ônibus (exceto eu que se vejo sangue de tão perto passo mal) em pura sincronia se levantaram rapidamente para ver o tal "sangue". Acredito que seja involuntário, que seja um espécie de curiosidade natural das pessoas. 

Nesse caso, tem a quem culpar senão a elas mesmas por essa curiosidade? Oh céus, elas se atraem pelo que lhes trazem sensações e o que tem de errado nisso? Por acaso, você fica com alguém sem sentir nada por ele(a)? Coisas boas e ruins nos trazem sensações, nos cabe decidir o que queremos sentir ou não. Muitas vezes nem decidimos já que sensação está mais ligada ao emocional e não racionalizamos para sentir nada, simplesmente sentimos. Mas você que decide o que você vai assistir e se é a sensação de um programa polêmico que você quer, não há nada que te impeça de fazer isto. Julguem o programa ruim e o apresentador despreparado, ou não.

Opinião é para ser dada e a minha foi exposta aqui, se você quer expor a sua sobre esse assunto, posta um comentário que eu terei prazer em saber que existem pessoas pensando como eu ou que existem pessoas que não pensam como eu, mas que eu vou verdadeiramente RESPEITAR. Afinal, quem disse que precisa descer o nível para mostrar que está certo? Assim você acaba perdendo a razão, amado (a).

Outra coisa: não é o que as pessoas dizem, mas como elas dizem... Samuka pecou por não saber dizer, porque argumentos ele tem e não são poucos, ele poderia, de fato, ter se saído melhor.

É tudo lamentável. Não vou estender mesmo achando que eu tenho mais a dizer, são 02:02 da manhã e eu levanto às 07:00.



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A morte.

Estava me devendo essa postagem. Precisava colocar pra fora de alguma maneira o que eu tento ser forte e esconder dentro de mim. 

Não existe sentimento que descreve qual é a sensação de perder alguém. 

Nunca havia perdido ninguém da minha família. E estranho foi há alguns dias atrás, quando eu estava passando em frente a uma Central de Velórios comentei com meu namorado: "Acho que alguém vai morrer. Tô com essa sensação, faz uns dias...". 

Não! Eu não sou adivinha e não previ isso. E aí meu namorado me diz: "Caramba, eu também tô com essa sensação."

Nessa mesma semana, eu iria ver o meu avô pela última vez. E nem imaginava que ele iria tão cedo. 




Meu avô, era uma figura. Tinha 78 anos e não tinha absolutamente nenhum problema, além de ser um pouco 'gaga' por causa da idade, normal. Mas tirando o humor inconstante, ele era um ser humano maravilhoso.

Vô Antônio ia ao Parque Solón de Lucena (Lagoa), era o seu divertimento. Sempre, depois do almoço, ele se perfumava, penteava seus cabelos brancos e ia feliz pegar um ônibus para o seu point de todos os dias: o banco, em frente as Lojas Esplanada. 



Vô, sempre mulherengo, me dizia que ia até a Centro porquê gostava de ver as mulheres bonitas. Gostava de pegar os panfletos das lojas só para distribuir e pegar nas mãos das moças enquanto as entregava, e quanto mais novinhas, melhor.

Outro comportamento marcante do meu avô, era a pontualidade. Perdi as contas de quantas vezes ouvi dele um: "Olha a hora, Mayara!" Chegava a ser irritante. Ele sempre lembrava dos horários e compromissos de todos os que estavam próximos a ele. Às vezes, quando por acaso eu adormecia lá na casa dele no meu horário de almoço, ele me acordava aos gritos, me chamando de todo nome que não presta, só porque eu corria o risco de chegar atrasada. Vô, como o senhor deve me esculhambar onde quer que esteja, até hoje... Rs.

Me lembro de como ele ria de mim, quando eu tinha que repetir as coisas gritando 3 ou 4 vezes para ele conseguir ouvir. 

Me lembro dele preocupado com quem irá ficar com a herança mais preciosa dele: "os fogos". É... Seu Antônio ainda tinha tempo para vender fogos no São João. E como ele já não tinha estrutura para passar trocos corretamente, dentre outros problemas, ele falava o tempo todo: "Quem vai ficar responsável pelas vendas dos fogos? Quem vai enfeitar o meu bazar (que era o local onde os fogos ficavam)?". 

Ah, mas tinha uma coisa mais preciosa que os fogos: o baú. Esse baú era tudo pra ele. Quando por acaso alguém fosse limpar o local onde era guardado o baú, aí o bicho pegava... Ele ficava enfurecido, porquê achava que iam roubar o baú cheeeeio de dinheiro (peeeense, rs) dele. 



Lembro-me de quando ele se declarou para minha vó, apesar de todas as esculhambações diárias, que sempre fizeram parte do casamento deles... Meu avô, em seu ato de romantismo, disse: "Ivone... O meu baú é seu e o seu vestido é meu, porquê o que é seu é meu e o que é meu é seu." Como eu ri... Ele achava que o vestido era importante o bastante para minha vó, como o baú era pra ele. Mas aquela era a maneira dele ser romântico, e eu aprendi a enxergar o comportamento das outras pessoas, relativizando o contexto delas. E meu avô até que era bem moderno para o contexto onde ele nasceu.

Eu estudei 7 anos da minha vida em um colégio militar, além de ser filha de um militar e de ter tios militares. Por esses motivos, vô dizia que já era para eu e a minha irmã sermos tenentes há muito tempo. Como era engraçado, quando meu avô falava sério comigo, me dizendo que era o único caminho bom para mim, que eu tinha que ser PM, porquê era muito bonito uma mulher PM e era a única profissão que prestava. Era nítido o sinal de preocupação no rosto de vô, quando eu ria dele enquanto ele falava sobre isso. Ele tinha extrema admiração e respeito por policiais. Imagino como ele deve ter ficado feliz ao saber que o cortejo do seu enterro foi feito com escolta militar.



Só tenho boas lembranças, só tenho saudades.

Ele começou a se internar com frequência no hospital, e da última vez, foi por não ter urinado há pelo menos umas 24 horas, além de estar muito abatido. Ele estava mais magro do que o normal, muito desidratado e fraco, pois já não se alimentava como antes, graças a uma dieta que ele teve que seguir devido a uma gastrite que lhe causava muitas dores fortes. Passou uma noite na UTI, e no outro dia foi transferido para o quarto. Estava tomando nebulizações de 2 em 2 horas com Berotec e sempre adormecia, nas nebulizações. Até que em uma delas, teve várias paradas cardíacas... E se foi.

Não quero culpar ninguém. Deus sabe todas as coisas e eu agradeço a Ele por tudo.

Mas como é a vida, né gente? Nós só temos dimensão nessas horas. É só uma passagem, uma passagem rápida. Não é preciso ficar dando muito valor a dinheiro, ficar se matando aos poucos porquê não vamos levar nada daqui. É preciso aproveitar, não ficar deixando nada para depois. Isso sim. Fazer o que tiver vontade mesmo, dizer o que tem que ser dito e acabou. 

"Há males que vem para o bem", não é verdade? Essa morte do meu avô, me fez enxergar a vida de uma outra maneira e que bom que eu tive oportunidade de enxergá-la assim. A ida de um ente querido, aproxima a morte da gente... Sei lá, traz uma sensação horrível de que a qualquer hora pode acontecer novamente. A morte, era tão distante, que eu quase não contava com ela. Mas ela é real, implacável, leva mesmo e nós? Nós temos que continuar. E como é difícil continuar, a vontade que dá é de ir com eles... Parar por aqui.

Vai em paz Vô Antônio, eu te amo. Vai ser difícil olhar para sua cadeira e vê-la vazia todas as tardes...




Eternas saudades de sua esposa, de seus 12 filhos, 25 netos, 2 bis-netos(a) que estão a caminho e de todos que tiveram a honra de te conhecer um dia.